domingo, 13 de novembro de 2016

Projeto aposta no contato com a natureza para formar cidadãos






O futuro da educação está na tecnologia, no uso de recursos e ferramentas digitais, na programação e nos computadores e tablets. Mas também está no contato com a natureza, na conscientização a respeito do universo que nos cerca e no olhar que vai muito além das telas, sejam elas grandes ou pequenas. Esse contato com o meio ambiente é a grande aposta educacional do Eden Project, ou Projeto Éden.

O Eden Project é ligado a uma organização sem fins lucrativos do Reino Unido, a Eden Trust, e se define como “uma organização única e complexa” que é, ao mesmo tempo uma atração turística, uma organização voltada para a assistência social e um empreendimento social. A atração turística é um complexo localizado no condado de Cornwall (Cornuália), sudoeste da Inglaterra, que busca reunir espécies naturais de todo o mundo preservadas em estufas parecidas com grandes bolhas, que reproduzem biomas. O público tem contato com diversas espécies vegetais. De maneira semelhante a um jardim botânico, o espaço procura estimular seus visitantes a se conscientizarem sobre a importância das plantas para a vida humana. O projeto tem programas de pesquisa, educação e conservação.

Segundo Sam Kendall, gerente de Educação do Eden, colocar as crianças hiperconectadas de hoje para aprender ao ar livre, fora do ambiente tradicional e fechado da sala de aula, não é algo excludente, mas sim complementar, em relação ao uso das tecnologias. Ela defende a importância de inserir o contato com a natureza no cotidiano dos estudantes, e destaca que os efeitos são fáceis de serem percebidos.

“A questão é tornar normal a prática das atividades ao ar livre, para que isso fique sendo parte do que acontece na escola. Como acontece com qualquer atividade, algumas crianças amam esse tipo de prática e outras nem tanto – mas durante essas atividades é comum ver habilidades e talentos revelados que são difíceis de despontar na sala de aula. É claro que tudo depende também dos estímulos – se criarmos experiências fantásticas, atraentes, divertidas e poderosas, as crianças vão amar”.


Meio ambiente e atividades físicas

Pesquisas mostram que tem aumentado o percentual de jovens diagnosticados com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH. Sam Kendall traça um paralelo entre o crescimento dessa estatística e a falta de atividades ao ar livre no cotidiano da maioria das crianças, e sobre isso cita o trabalho da terapeuta ocupacional infantil Angela Hanscom, fundadora do TimberNook – um programa desenvolvido para estimular a criatividade e as atividades ao ar livre na Nova Inglaterra, Estados Unidos. Segundo Angela, as crianças são forçadas a se sentar durante horas em sala de aula sem que estejam preparadas para isso. E elas não estão preparadas porque a quantidade de atividades físicas que fazem é muito menor do que precisariam fazer.
Se as pessoas não desenvolverem, desde cedo, um relacionamento com a natureza, elas serão menos propensas a se tornarem defensoras desses recurso


“Com seus sistemas sensoriais sem funcionar de forma apropriada, as crianças são requisitadas a sentar e prestar atenção. Elas naturalmente começam a ficar inquietas, de modo a conseguir o movimento que seus corpos desesperadamente exigem e que não estão tendo o suficiente, para que ‘liguem seus cérebros’. O que acontece quando as crianças começam a se inquietar? Nós pedimos que elas se comportem, e assim seus cérebros novamente ‘adormecem’”, explica Angela.

Além de ter a capacidade de devolver às crianças os movimentos naturais de que seus corpos jovens precisam, de estimular esse gasto de energia necessário para o seu equilíbrio e de ajudar a desenvolver habilidades sociais, Sam destaca que as atividades ao ar livre têm, ainda, a capacidade de formar cidadãos preocupados com as questões ambientais. Ela explica que, para que essa conscientização surja, é necessário que os jovens conheçam o meio ambiente. “Se as pessoas não desenvolverem, desde cedo, um relacionamento com a natureza, elas serão menos propensas a se tornarem defensoras desses recursos”.

Um bom exemplo de como fazer com que as crianças se envolvam e se sintam parte do meio ambiente é estimular que elas mesmas transformem seus espaços de convivência, como, por exemplo, dando vida aos pátios das escolas. “É uma lição de cidadania muito importante a de identificar um problema (os pátios das escolas costumam ser monótonos), trabalhar com outras pessoas para melhorar a situação (com adultos e outras crianças para transformar os espaços para brincadeiras ou criar mais áreas verdes nos pátios), e depois sentir o benefício de viver e brincar nesses espaços. É um autêntico treinamento para a formação de um cidadão envolvido em moldar o mundo em que ele deseja viver”, estimula Sam.





Conteúdo online para escolas

O Eden Project esclarece que, apesar de os benefícios do contato com a natureza serem conhecidos, muitas vezes há dúvidas por parte dos educadores sobre como promover essas atividades. Para ajudar, o projeto criou uma espécie de cartilha, além de disponibilizar em seu site diversos planos de aula (em inglês) para serem usados por professores que tenham interesse em despertar seus alunos para o universo natural ao seu redor.

Algumas das dicas para os professores os encorajam a não esperar o local perfeito para começar a levar os alunos para essas atividades, e sim lançarem mão daquilo que está ao seu alcance, e os preparam para o fato de que, inicialmente, as crianças provavelmente não irão associar as atividades ao ar livre ao aprendizado e sim à diversão.

O Eden oferece formação presencial para escolas no Reino Unido. Mas pessoas de qualquer lugar do mundo podem se beneficiar do conteúdo oferecido online no site do projeto, que contém planos de aula e ideias bastante inusitadas e criativas para atividades a serem feitas fora do ambiente da sala de aula com as crianças. Há dicas bem simples sobre, por exemplo, como fazer potinhos para sementes com jornal; um plano de aula voltado para entender como alguns animais vivem na escuridão; um plano para uma aula sobre fósseis, entre muitos outros materiais. Ainda que não sejam realizadas exatamente como sugerido no passo-a-passo, as atividades podem servir como inspiração para quem desejar dar os primeiros passos com pequenos ao ar livre.

Mais sobre o Eden Project

O Eden Project foi inaugurado em março de 2001. Ele recebe mais de 850 mil visitantes por ano e reverte o lucro adquirido com a visitação em uma série de iniciativas voltadas para a educação, que procuram explorar o espaço físico e a experiência de pesquisadores e toda a equipe que trabalha para preservar o local. No Eden, sustentabilidade é a palavra de ordem. Procura-se reaproveitar todos os recursos naturais, e o incentivo a essa prática é relembrado a todo momento. Com mais de duas milhões de plantas para preservar e recebendo tantos visitantes por ano, o reaproveitamento da água, por exemplo, é uma das principais preocupações.

O projeto inclui programas educacionais em tópicos como mudanças climáticas, alimentação, nutrição, saúde, biodiversidade e uso sustentável de recursos biológicos. Milhares de visitas escolares são recebidas todos os anos. Além disso, o projeto tem iniciativas envolvendo, por exemplo, populações africanas, como o Gardens for Life, que promove a criação de jardins em escolas do Quênia e Gâmbia para garantir que os alunos tenham ao menos uma refeição completa e saudável por dia. A equipe do projeto oferece treinamentos e uma infraestrutura inicial para a realização dessas hortas, como material para compostagem e irrigação e estufas construídas com materiais que disponíveis nos locais. Também é montada uma sala de aula ao ar livre, e as escolas são orientadas sobre como integrar as hortas ao currículo escolar.


Fonte: Porvir

7 escolas inovadoras para inspirar a construção de um mundo melhor




1. Creche Into the Woods
Recebendo crianças de 2 anos e meio a 5 anos, a creche é a primeira escola londrina que não dispõe de salas de aula ou paredes, realizando todo ensino ao ar livre. Os pequenos alunos ficam em contato constante com a natureza, onde, além de se divertirem, desenvolvem a imaginação, a comunicação, as habilidades de pensamento e conquistam auto-confiança e resiliência.
IntoWoods
2.  Escola Municipal Amorim Lima
Dentro do bairro Butantã, em São Paulo, a escola segue um modelo alternativo de educação. Os alunos tem bastante autonomia para, por exemplo, organizar debates e integrar disciplinas; a diretora atua como tutora e até os pais não ficam de fora, organizando festas e administrando a página do Facebook. Grupos de alunos se reúnem por interesses em grandes salões e lá conquistam sua liberdade. Apenas as aulas de inglês, português e matemática contam com o auxílio da lousa.
amorim
3. Escola da Ponte (São Tomé de Negrelos)
Na Vila das Aves, em Portugal, a escola pública desenvolvida pelo educador José Pacheco(confira sua palestra no TEDxUnisinos Inovação na Educação) não tem salas de aula, nem disciplinas e nem horários regrados. As atividades dos mais variados temas são trazidas pelos professores e cada aluno exerce a autonomia de escolher o que mais lhe interessa, de trabalhar em grupo ou sozinho. Assim, podem se dividir entre as mesas ou até mesmo aprender ao ar livre. Existem provas, feitas e requisitadas pelos próprios alunos, quando se sentem preparados e não pressionados.
escola da ponte
4. Escola Viva
Pregando o ensino dinâmico, a escola em São Paulo ensina por meio de atividades expressivas e culturais, a partir de práticas multidisciplinares dentro e fora do ambiente escolar. O método educacional básico, por exemplo, segue os eixos: domínio de linguagens, compreensão de fenômenos, resolução de situações-problema, construção da argumentação e elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade.
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5. GENTE
Dentro de uma das maiores favelas da América Latina, o bairro da Rocinha, no Rio de Janeiro, os alunos da escola pública Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais(GENTE) aprendem de maneira inusitada. Não há séries, como estamos acostumados, e sim turmas que se reúnem por interesses e curiosidades em comum, com ensino auxiliado pela tecnologia e mediado por professores-mentores. A escola é linda, colorida e inspiradora, certamente um exemplo a ser seguido.
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6.  Quest to Learn
A escola pública de Nova York é conhecida por ser pioneira mundialmente a educar seus alunos 100% através de jogos. Lembra que falamos lá em cima do texto sobre aprender brincando? Os jogos, além de divertidos, são didáticos e requerem atenção como qualquer outra atividade escolar. Os índices de aprendizado estão acima da média geral e se tornaram referência ao redor do mundo.
quest2learn
7. Green School
Esta escola na Indonésia já impressiona pela estrutura, onde tudo é de bambu. As salas de aula são abertas e o método de ensino é baseado na conexão entre aspectos espirituais, físicos, emocionais e racionais, trabalhados dentro de temas, não em matérias. Crianças que estão aprendendo a contar, por exemplo, aprendem pulando corda, enquanto no ensino médio, se preparam para empreender e abrirem seu próprio negócio, de preferência sustentável.
green school



quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Educação - Escolas Inovadoras


O que acontece quando o aluno aprende tudo na prática e escolhe desde os primeiros anos o que vai estudar? Parece até solução de “escola do futuro”, mas a série documental do Canal Futura “Destino: Educação – Escolas Inovadoras” vai mostrar, a partir do dia 1º de setembro, que essas nova maneiras de ensinar e de aprender já fazem parte da realidade de 12 escolas espalhadas por nove países do mundo, incluindo o Brasil.

Realizada com a consultoria do Instituto Inspirare e a parceira com o Serviço Social da Indústria (SESI) – Departamento Nacional, a série mostra como a inovação acontece em contextos diferentes, em instituições que reinventaram suas práticas pedagógicas, currículo escolar, infraestrutura, entre outros aspectos, para motivar uma aprendizagem mais dinâmica, conectada com seu entorno e próxima da realidade dos estudantes. A produção dos programas é da Cine Group com direção de Sergio Raposo.

As escolas foram selecionadas a partir de uma pesquisa sobre tendências da educação, realizada pelo Porvir, e estão localizadas em nove países: Argentina, Brasil, Colômbia, Dinamarca, Estados Unidos, Finlândia, Holanda, Índia e Inglaterra. São instituições que já adotam uma ou mais tendências, tais como a personalização do ensino, que considera a individualidade de cada aluno; o uso de tecnologia para aprendizagem; a experimentação dos conteúdos teóricos a partir de atividades práticas e projetos; o desenvolvimento de habilidades e competências como liderança, comunicação, cooperação e sociabilidade; a gamificação do processo educativo, que envolve tarefas, desafios, narrativa, pontuação e outros aspectos do universo dos jogos digitais; e a quebra dos muros invisíveis, conectando a escola com o mundo à sua volta, contextualizando o ensino e levando o aprendizado para fora da instituição.

Em formato de documentário, “Destino: Educação – Escolas Inovadoras” terá 13 episódios, com 52 minutos cada. O programa visitou as seguintes escolas: Projeto Âncora (Brasil – SP), Colégio Fontán (Colômbia); Ross School (Estados Unidos), High Tech High (Estados Unidos), The Bath Studio School (Inglaterra), Steve Jobs School (Holanda), Ørestad Gymnasium (Dinamarca), Ritaharju School (Finlândia), The Riverside School (Índia), e3 Civic High School (Estados Unidos), Nave (Brasil – PE) e La Cecilia (Argentina).



O primeiro episódio desta temporada aborda a experiência do Projeto Âncora, escola sediada no município de Cotia, Grande São Paulo. O Âncora atende hoje cerca de 170 alunos em período integral, é uma escola gratuita mantida através de recursos privados para alunos da região de Cotia. A escola tem uma filosofia educacional inovadora, inspirada na Escola da Ponte de Portugal, na qual os alunos estudam juntos e aprendem através de pesquisas e projetos, sem salas de aula, muros e hierarquia. No Âncora, os alunos não passam por séries, como em uma escola tradicional, mas se dividem em ciclos de aprendizagem. Existe um Currículo Objetivo baseado nos Parâmetros Curriculares Nacionais, e os conteúdos obrigatórios são passados aos alunos através dos projetos de estudo. O programa vai mostrar um projeto de educação inovadora pensado por e para todos, com um modelo construído de maneira coletiva e democrática e diversos ambientes participativos onde educadores e educandos tomam juntos as decisões e definem o dia a dia e o futuro da escola.